Na última quinta-feira a Microsoft fez sua festinha para anunciar a chegada oficial do Xbox 360 no Brasil. Creio que o evento tenha sido organizado pelo pessoal da MarketingCell, que tem as "contas" da Microsoft Games no Brasil (para marketing e publicidade).
Vídeos, discursos, perguntas e respostas... E depois uma festa de arromba com direito a bebidas, petiscos, gente famosa e mídia não-especializada.
Não fui, não sei se realmente a festa teve todo esse ar pomposo, esse tamanho exagerado. Mas lendo por aí as impressões do pessoal que foi (todos da "mídia especializada", diga-se de passagem), sinto que há uma certa euforia desmedida em torno do lançamento oficial do console por aqui. E embora não tenha comparecido ao evento, sou livre para comentar o que penso da chega do Xbox 360.
Dizem que será o divisor de águas para o mercado brasileiro de games, o começo de uma nova era de ouro... Nem tanto. A começar pelo preço do brinquedinho: R$ 2.999,99, com direito a três grandes jogos "de graça".
Claro que a Microsoft tentou de todas as maneiras possíveis abaixar o preço do console, mas quando viu que isso era impossível (ou mais difícil do que pensavam), resolveu trazer ao Brasil o pacote premium do Xbox 360 acrescido de três jogos (que, para a Microsoft, não custará quase nada). O pacote brasileiro da plataforma é o mais recheado em comparação aos outros vendidos ao redor do mundo... mas, ainda assim, muito caro.
Quase todos aceitaram esse preço, se conformaram. Quase. Novamente eu digo que não tenho certeza das idéias da Microsoft, afinal não sou executivo de lá. Mas me parece que a empresa no Brasil adota uma estratégia totalmente diferente da adotada ao redor do mundo, que é lucrar com os jogos e não com o hardware. Você vende o hardware para vender MUITOS jogos, e lucrar com os royalties (custos de licenciamento para produzir para a plataforma).
A Tec Toy em 1995 e 1996, durante a real época de ouro do mercado de games no Brasil, lutou para que o governo encaixasse seus produtos como de informática e não mais como brinquedos, podendo pagar menos impostos e imediatamente reduzir os preços de seus consoles - embora montados em Manaus, a empresa importava as peças de fora, como várias outras no país. A Tec Toy pôde fazer isso, em parte, devido ao monopólio de vendas que tinha sob os jogos lançados por aqui, mas isso se tornou mais tarde parte de seu fracasso. Não havia interesse de produtoras terceirizadas no mercado brasileiro monopolizado, e com o advento da pirataria a Tec Toy não teve armas necessárias para combatê-la.
Por falar em pirataria, temos aqui o grande acerto da Microsoft, e também o que mostra seu possível erro no preço do console. A Microsoft pode fabricar os CDs e DVDs no Brasil, o que reduz bastante seu preço (mas creio que eles não possam montar o Xbox 360 aqui, agora, e talvez isso também tenha encarecido o video-game). Logo, teremos jogos originais sendo vendidos a preço de banana no país - entre R$ 99 e R$ 159, o que faz nossos games até mais baratos do que os vendidos lá fora, dependendo da cotação do dólar. Os piratas ainda serão mais baratos, mas haverá gente que preferirá comprar os jogos originais. Com o tempo, a mentalidade do brasileiro realmente mudará.
Ao contrário da Tec Toy, a Microsoft deixará o mercado livre para que outras produtoras lancem seus jogos por aqui. Obrigado, Microsoft! Vai aquecer nosso mercado. Mas... como vender jogos SE NÃO HÁ CONSOLES!? Com o preço praticado no Xbox 360, que colocassem o preço dos jogos nas alturas. Afinal, quem tem quase R$ 3.000,00 para gastar em um console, terá muito mais que R$ 160 para gastar em jogos.
Outro erro foi não ter trazido para cá a Xbox Live!. Quem quiser jogar online e acessar todos os recursos da rede on-line do console, terá que se registrar lá fora - com endereço de quem mora no exterior (ou mudaram o processo do cadastro?). Essa é uma das principais características do Xbox e, novamente, um dos produtos que poderia dar mais dinheiro à Microsoft - reduzindo ainda mais o preço do console no país. Eles dizem que farão isso no próximo ano, talvez não tenham tido tempo para adequar a Xbox Live! ao mercado brasileiro (nós já temos um dos maiores acessos à rede da Microsoft). Nesse ponto, talvez a pressa em lançar o console aqui (antes da concorrência) e estancar a atenção da mídia nacional em cima do PlayStation 3 e do Wii sejam os culpados.
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Não pensem que eu seja um reclamão, pelo contrário. Eu realmente agradeço a Microsoft pelo que ela faz para o nosso mercado. Eu quero o bem dela e o bem dos jogos no país, e por isso até defendo o "Lulinha", sua empresa e seu lobby - aliás, parte dessa mudança no Brasil em relação aos games é graças ao maior lobbysta do país, o próprio filho do presidente. Quero tanto seu bem que digo que ela está errada em alguns pontos. E espero que me entendam, que não me crucifiquem por essa coragem (?). E que se o errado sou eu, por favor - mostre-me isso :) É só me convencer, eu tenho a mente aberta para essas coisas (sim, tenho mesmo).
E em uma coisa concordo com os demais: a Microsoft mudará o mercado brasileiro. Para voltar a ser como era antes, vai demorar. Mas realmente precisávamos do primeiro passo. A empresa até se mostrou nacionalista: desenhou uma skin exclusiva para o mercado brasileiro (com a bandeira do Brasil) e mudou as cores do Xbox para representar o país (o verde adquire um tom mais escuro e o logo da "bola" do Xbox mudou para azul). Além disso, irá investir aqui 10 vezes mais do que investiu no lançamento do Xbox 360 no mercado mexicano.
A Microsoft definiu o Brasil como parte principal de sua estratégia para "encostar" na líder Sony, e fez o certo. Ela precisa de novos clientes para crescer, não apenas apostar no mercado que já está "conquistado" (ou por ela, ou por suas concorrentes).
Só espero que eles enxerguem que o preço do console praticado no Brasil poderia ser menor.
Escrevi demais. Tudo bem, reclamei demais. Mas queria deixar claro meu ponto de vista. Eu concordo em muito pontos com os meus "amigos" jornalistas, mas preciso ser diferente deles em alguns momentos :P
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3 comentários:
Você está errado.
Te convenci?
Você não me convence nunca, a não ser que me compre.
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
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